Biodiversidade

Mapa da biodiversidade

Este mapa foi inspirado e está estruturado a partir das informações de Edward O. Wilson na sua obra O Futuro da Vida7 e inclui também alguns dados de estudos recentes. Ele oferece uma visão sintética de diversos âmbitos que compõem a biodiversidade, exceto a escala da diversidade genética.

O mapa permite situar cada espécie, ou conjunto de espécies, nas diversas escalas e também aprofundar as relações entre elas, particularmente as relações de mutualismo que ocorrem nos ambientes terrestres, relacionadas com a produção de alimentos de origem vegetal.

Os conceitos ecológicos básicos introduzem-se aqui e estão definidos no texto ou na lista de conceitos-chave.

Os seis âmbitos descritos abaixo complementam, como uma legenda ampliada, os que estão ilustrados no mapa. expand_more

Amplitudes de âmbitos da vida

Estas amplitudes podem ser geográficas (do lugar mais profundo ao cume mais alto); térmicas, (temperaturas extremas em que algumas espécies se podem reproduzir); geofísicas (meios aquáticos, terrestres, etc.) ou geoquímicas (rochas, minerais, ambientes ácidos, básicos, salinos, etc.).

Existe vida, espécies de microrganismos extremófilos, do lugar mais profundo dos oceanos, que é a fossa das Marianas, até ao ponto mais alto do Evereste. E também no interior de cavernas, nas frestas dos vulcões, por onde brotam águas termais ou debaixo dos gelos polares.

A maioria das espécies existentes atualmente depende de oxigénio (que pode estar presente na água ou no ar). Os 21% de oxigénio que compõem a atmosfera terrestre, o ar que respiramos, foram essencialmente produzidos por microrganismos ao longo de uns 3 mil milhões de anos e, há 1,2 mil milhões de anos, também pelas algas e plantas8.

Escalas e Dimensões dos Ecossistemas

As dimensões dos ecossistemas podem ir de uma gota de água ao planeta Terra. Um ecossistema define-se como “um sistema que inclui os seres vivos e o ambiente, com as suas características físico-químicas e as inter-relações entre ambos”9. Tem diferentes níveis de organização, com início nos indivíduos das diferentes espécies e aumentando em composição até atingir a escala global, a biosfera. Os ecossistemas com maior diversidade são as florestas pluviais tropicais, os recifes de coral e os lagos.

Cada espécie
é composta por diversos indivíduos ou organismos com capacidade de se reproduzir e gerar descendência fértil (sejam algas, fungos, borboletas, peixes ou seres humanos).

Cada organismo
é uma forma individual de vida; é qualquer corpo constituído por órgãos, organelas ou outras estruturas que interagem fisiologicamente, executando os diversos processos necessários à vida. Cada espécie tem a variedade de genes que constituem a herança dos indivíduos que a compõem.

Uma população
é um conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que ocorrem juntos numa mesma região.

Uma comunidade
é um conjunto de populações que habitam uma mesma área ao mesmo tempo.

Um bioma
é uma grande comunidade estável e desenvolvida, adaptada às condições ecológicas de uma certa região, caracterizada por um tipo principal de vegetação, como, p.ex., a floresta temperada.

A biosfera
é o conjunto de todas as partes do planeta Terra onde existe ou pode existir vida, e que abrange regiões da litosfera, da hidrosfera e da atmosfera; pode-se definir também como ecosfera, i.e. o conjunto dos ecossistemas existentes no planeta Terra.

Os ecossistemas têm várias funções fundamentais para a continuidade da vida, que são os chamados serviços ecossistémicos.

Afinal, cada um de nós é, também, um ecossistema?

A pessoa adulta é, também, um ecosistema?

Padrões de distribuição da vida no planeta

Existem padrões ou pautas de como as espécies proliferam e encaixam umas com outras nos ecossistemas da Terra.

O primeiro padrão é o seguinte: basta haver vida de qualquer tipo para encontrar microrganismos (arqueobactérias e bactérias), tanto à superfície como a grande profundidade.

O segundo é: sempre que existe um mínimo espaço através do qual seja possível nadar ou serpentear, ele é invadido por invertebrados minúsculos e protistas, que se alimentam de microrganismos ou uns dos outros.

E o terceiro é: quanto maior o espaço disponível, maior a dimensão dos maiores animais que lá vivem (por exemplo elefantes nas savanas e baleias nos oceanos).

Por último: a maior diversidade de espécies vivas concentra-se em habitats que recebem a maior quantidade de energia solar ao longo do ano, e que têm a maior proporção de terreno sem gelo, o território mais variado e a maior estabilidade climática ao longo de grandes períodos de tempo.

Ou seja, as selvas equatoriais da América do Sul, África e Ásia são os lugares onde há mais espécies de plantas e animais.

Por exemplo, registaram-se 425 espécies de árvores num hectare de floresta atlântica do Brasil e 1.300 espécies de borboletas numa parte do Parque Nacional de Manú, no Peru, 10 vezes mais do que em florestas europeias ou da América do Norte.

Diferentes formas e medidas

A diversidade de formas e dimensões das espécies (dos mais pequenos aos maiores).

É fácil identificar os animais grandes, como as baleias, os elefantes e as girafas ou as árvores, mas a nossa percepção amplia-se ao usar lupas e microscópios. Com eles descobrimos a diversidade de escalas de tamanho dos seres vivos e todos os seus tipos de formas.

Os primeiros vírus, por exemplo, só foram vistos em 1931, quando começaram a ser construídos os microscópios electrónicos (que ampliam as imagens até 500 mil vezes)10. Existem mais de 2.000 espécies de vírus identificadas até agora.

Número de espécies

A diversidade de espécies conhecidas e estimadas (ainda não descritas pela ciência). A riqueza, abundância e os gradientes de frequência e raridade das espécies.

A riqueza
de espécies implica a existência de um elevado número de espécies e também riqueza na variedade das relações entre elas.

A abundância
tem várias escalas, desde as espécies que têm populações numerosas e que se reproduzem rapidamente, como as gramíneas de um prado, até às que têm populações pequenas e com pouca descendência, como os falcões e as águias.

A frequência
está relacionada com o tamanho das populações de cada espécie num ecossistema. Pode ter variações ao longo do ano, em função das estações, quando algumas espécies migram.

Quanto à raridade
, existem espécies extremamente raras, que só vivem num lugar muito restrito do mundo. Contrastam com as espécies invasoras, que têm capacidade de se reproduzir em quase todos os tipos de lugares e podem acabar por substituir as espécies locais.

Diversidade de relações entre espécies

Existem diferentes tipos de relações com consequências em diversas escalas. Cada espécie está vinculada à sua comunidade de uma maneira única, em função das diversas maneiras de consumir, ser consumida, cooperar e competir com outras espécies. Essas relações também afetam indiretamente o solo, o ar e a disponibilidade de água.

As principais tipologias de relações entre as espécies, seguindo um gradiente de maior a menor cooperação entre elas, são:

E agora... somos simbióticos?

Cerca de 10% do peso do nosso corpo são microrganismos. Não poderíamos viver sem eles

Mapa

Os âmbitos do mapa permitem descobrir as principais dimensões da vida das espécies, principalmente das que temos por perto: onde e como vivem, como são, de que dependem, que funções têm nas redes vitais, que relações têm connosco ou com espécies que nos são próximas…

A informação sobre as espécies nem sempre é completa ou está disponível. Há sempre muito a descobrir e todos nós podemos fazê-lo.

É só observar, experimentar e partilhar.

Referências

7 Wilson, E.O. (2002).The future of life. New York: Alfred A. Knopf. 229 p.

8 Margulis, L. & Dolan, M.F. (2002). Early life. Evolution on the Precambrian Earth. 2nd ed. Sudbury, Massachusetts: Jones and Bartlett Pub. 169 p.

9 Definições de Oxford Language

10 1931: Físico alemão cria microscópio eletrônico | Fatos que marcaram o dia